quarta-feira, 13 de junho de 2007

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...Mister Astley inclinou-se em silêncio.
- Vamos que me diz o senhor de bom? Diga alguma coisa! traduz isso para ele Polina.
Polina traduziu.
- Só posso dizer que olho para a senhora com um grande prazer, satisfeito porque está bem de saúde- respondeu Mister Astley, sério, mas prontamente.
suas palavras foram traduzidas para a avó, e pareceram agradar-lhe.
- Como os inglêses sempre respondem bem!- observou ela.
- Não sei porquê, sempre gostei dos inglêses; não há comparaçõa com os francesinhos! venha visitar-me-disse dirigindo-se a mister Astley- vou esforçar-me para não incomodá-lo demais. traduz isso para êle, e diz ainda que estou aqui embaixo. aqui embaixo, está ouvindo? embaixo, embaixo- ficou repetindo para mister Astley, indicando com o dedo o andar inferior.
***

...- Ora é mentira, é mentira! aposta! chega de dar com a lingua! sei o que estou fazendo- a avó chegou a ficar toda tremula de exaltação.
- O regulamento não permite apostar mais de doze friedrichdors no zéro de cada vez, vovó. bem já fiz a aposta.
- Como não permite? não estás mentindo? mussiê! mussiê!-
pos -se a empurrar o crupie sentado bem a esquerda dela e que se preparava para lançar a bola-
- Combien zéro? douze?
apressei-me a explicar a pergunta em frances (...)
- Bem tanto pior aposta doze
-Le jeu est fait- gritou o crupie. a roda girou e saiu o treze. perdemos!
mais! mais! mais! aposta mais! gritava a avó.
deixei de contradizê-la e dando de ombros, paostei outros doze friedrichdors. (...)
- Zéro!- bradou o crupie
-Então? voltou-se para mim a avó, com ar frenetico de triunfo.
...
... perdeu tudo paizinho, tudo o que o senhor trocou para ela, nós a trouxemos, á maezinha até aqui; ela só pediu água, fez o sinal da cruz e foi para a caminha. ficou talvez esgotada; só sei que adormeceu no mesmo instante. que Deus a faça sonhar com os anjos! Ai que pecadora ela nos saiu! - concluiu Potápitch- eu lhe dizia que tudo aquilo não podia dar bom resultado. E que a gente vá o quanto antes para a nossa Moscou: e o que é que nos falta em casa lá em Moscou? o jardim, flores como não existem aqui, ar perfumado, maçazinhas amadurecendo, espaço; mas não: tinha que ir para o estrangeiro!O-O-OI!...

Extraído do romance " um jogador" de Dostoíevsky




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