quarta-feira, 27 de junho de 2007

Crônica atrasada de São João

foi-se essa semana de festa junina, pois passou sem sentir. As bandeirinhas que vi enquanto andava por ai, não inspiraram o meu desanimo. Antes as minhas bandeirinhas não eram coloridas, é curioso lembrar que as faziamos de jornal, e subiamos nas cadeiras para colar num barbante. De fato Esse negócio de festa junina era para mim um mistério. Eu não podia entender por que motivo aquela tia do primeiro andar fazia os quitutes do dia, para nós crianças ingratas e competitivas, que não sabiamos nem colar bandeirinhas de jornal sem encher o saco, mas estava todo mundo tão animado. As minhas lembraças da festa de São João se confunde com as lembranças da festa de São Cosme e Damião por que? são as lembranças dos docês. As crianças daquele predio eram todas gulosas, a toda hora alguem falava para um outro:
- Ai seu esfomiado!
sempre tinha algum gulosos comendo e outro:
- Não vai oferecer não?...
isso ai virava perseguição até. que dira então no dia de festas juninas?
- Ai vai ter quentão, vai ter pipoca docê, vai ter milho, paçoca...- ih só prometendo essas coisas era que os adultos nos convencia a ficar a tarde inteira catando bitucas de cigarro e colando bandeirinhas... eu não sei como agente se vendia assim! era uma loucura, era de se descabelar! tudo por esse tal de quentão mesmo eu não sabendo do que se tratava... bem a pessoa mais chata de toda a festa era quem ia providenciar o rádio ou a vitrola eh! essa era a pessoa mais chata de todas porque tinha que se ficar indo, não sei por que cargas dàgua, a todo o momento a casa desta pedir confirmação.
- Quem vai emprestar o rádio é beltrano, fala lá para o beltrano que horas ele vai poder descer o rádio...- mandava uma tia. e denovo:
- Alguem já foi lá no beltrano ver se ele vai descer o rádio?
denovo: - Ó menina, vai lá na casa do beltrano e fala para ele que o fulano disse que não precisa mais emprestar o rádio, ele vai emprestar o dele.
ihhh o beltrano ficava frustrado. já teve vez que os dois trouxeram o rádio, eu não sei por que faziam tanto bico docê para liberar esse rádio...sem contar nos discos que sempre riscava e alguem chiava... mas nós tinhamos que obedecer:
- Quem não trabalha não vai comer...
agora o dia em si demoraaaaava para passar. A tia confirmava que a festa só ia começar a partir das cinco e quando dava cinco horas não tinha nem posto a mesa no lugar, mas as crianças já se agrupavam defronte a uma mesa imaginaria, cheia de pés de moleque, brigadeiro, cocadinhas e não sei mais que...
olha só que coisa né, a festa só começava mesmo quando tooodos os adultos haviam chegado de seus respectivos serviços. Isso se dava por volta, das nove horas da noite. Isso porque tinha sempre o adulto encarregado dos fogos e da fogueira.
coisa séria a fogueira, coisa sérissima... Tinhamos até que ficar longe da sua composição, estava ali o resultado de outro dos nossos irritantes trabalhos do dia; um monte de nojeiras empilhadas juntadas para queimar...
- Ahh! mas isso não dá fogo gente!- desdenhava o adulto de todo o nosso esforço, e tinha que se procurar mais papel e galhos secos em outras bandas, assim a fogueira demorava para queimar... cada ano, tinha aquele adulto bacana que jurava que a sua fogueira seria melhor, maior, que a do ano passado, a do outro adulto bacana... mas as fogueiras eram sempre bem fajutonas, não se sabia mais o que fazer, galhos secos, papelão, jornal, todas esas ideias incriveis não vingavam...até que o adulto mais bacana de todos teve a idéia arqui excitante de usar querose... que coisa! assim haveria fogueira! uma fogueira de verdade, não um foguinho besta que se reacencia em dois em dois minutos, não um foguinho fedorento que não durava uma musica do rádio que enfim fulano conseguira ligar com a extensão emprestada de cicrano...
conta-se, que quando certo adulto, depois de jogar o querosene, (ou alcool, nem lembro!) que nos proporcionaria uma festa inesquecivel, uma festa de ultrapassarar as fronteiras do nosso condominio e se tornar uma festa do bairro todo, sim! quando ele jogou o tal querosene e em seguida se preparou para acender o fogo, ninguem falou nada, não se pensou em nada, em menos de poucos segundos um fogaréu se levantou para entrar para o anais do condôminio BurisI...
Não se sabe como ele foi para o hospital, mas é fato que não demorou muito para esse acidente virar piada... a festa ficou sombria de repente... mas de fato, chegava a hora em que se reparava que certas crianças não participavam da festa, haviam sumido, aliás elas haviam sumido o dia todo.
- Eu não devo comer os docês... porque eu sou evangélico...- dizia uma delas quando aparecia...
- Quem é católico vem comigo!- bradou uma menina, e assim sai correndo atrás de seu bando que nem sabia direito o que era ser católico ou o que era ser evangélico, só que católicos podiam comer os docês em paz...

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá. Sforza.

Confesso que tenho saudades das festas juninas do nosso tempo de criança. Em que, não só as crianças, mas os adultos também adoravam.
Infelismente, aqui no Rio de Janeiro as festas juninas já se transformaram em verdadeiros bailes. Infelismente aquelas danças típicas, os concursos de quadrilhas, deram lugar ao funk e coisas semelhantes. O tradicional quentão deu lugar a cerveja e outros tipos de "birita". Só o que se vê agora é gente com pouca roupa, violência e confusão. O que antes era diversão deu lugar a violência e a depravação. E o que mais me entristece é ver que muitas paróquias é que promovem estes espetáculos que chamam de "festa junina".

Bom. Editei uma postagem no meu blog: palavradesalvacao.blogspot.com que fala sobre o amor de Deus. Mas a mensagem é um tanto radical.

Que Deus a abençoe.