quarta-feira, 22 de agosto de 2007

sobre " o segredo"

uma amiga me perguntou sobre esse o "segredo" esse filme, que tem livro e que já tem dvd, que nunca vou ver nem ler. O que vi sobre isso, foi pouco, mas é o tipo de pouco que basta. A primeira vez vi no programa da Oprah, todo o elenco, formado por filósofos, psicanalistas, enfim todos ali tem um titulo. A primeira coisa que me chamou atenção foi a questão do perdão, isso pegou bem no amago como uma formula nova de ver as coisas, o por quê das coisas e dos desastres e ressentimentos. " perdoar para que alguma coisa nova entre na sua vida. pois é você quem cria o estado da sua vida, se você não for grato pelo o que aconteceu nada de novo pode entrar na sua vida, por isso perdoe." Ate ai tudo bem. Nenhuma filosofia ou doutrina é cem por cento falsa. Mas espere um momento, essa crença é no fundo cristã. Tão arraigada ao cristianismo, que foi o quesito prontamente aceito por todos. Mas existem certas coisa que não podiam ser compreendidas pela plateía de donas de casa americanas de Oprah Winfrey, apesar das estórias de vida tão simpaticas. Por isso houve um outro programa. foi necessário repetir, o nome do programa? O segredo, a reação, the secret, the reaction.
foi convocado para exclarecer tudo o tal de reverendo Michael Beckwith, diretor de centro espiritual Agape, e o outro doutor Jonh Assaraf. ambos no centro do palco, de braços abertos e prontos para colher os frutos. seguia assim, o publico vinha com uma pergunta ou um testemunho e apresentava aos doutores. Em certo momento, uma das mulheres da plateia pergunta mais ou menos: - Eu e a minha familia somos cristãos e gostariamos de saber como fica Deus nessa estória?
o tal do reverendo Beckwith diz:- Mas é perfeitamente conciliavel! as leis do universo é na verdade um sinal de como o criador se comporta.
ah bom começamos ai. O reverendo admite então que as afamadas leis do universo no fundo é Deus. essa base de leis de fato não pode ser outra coisa. primeiro eles dizem que as tais leis da atração são eternas, infaliveis, imutaveis, (úe esse ai é Deus!) mas segundo o segredo é o universo, como criatura de Deus. mas é Deus! eterno e imutavel só Ele e nem prescisa ser cristão para saber, qualquer ateu sabe que esse é um conceito de Deus. um ser Eterno. logo em seguida o reverendo Beckwith começa a falar com a mesma mulher sobre generosidade e tal e salta um:- como disse o mestre Jesus. para! para! para! o mestre Jesus? é sabido que só os fariseus chamavam Nosso senhor de mestre. mas não vou ficar aqui argumentando sobre a fé pessoal do reverendo ( alias reverendo de quem? do mestre Jesus?) Beckwith.
Em seguida ele diz:- Por isso o mestre Jesus diz: pedi e recebereis- ( se não me engano nessa mesma hora também citou o mestre Jesus num apócrifo) mas quem disse que Jesus estava falando de coisas materiais? vamos voltar as leis da atração. segundo o segredo essas leis são abundantes, generosas ( calma tem para todo mundo gente) mas a ideia de escassez é que traz as competições ( supostamente males) e traz as guerras. guerras... bem é isso, o pessoal do segredo traz uma doutrina, ou filosofia, ou boa nova, enfim que quer explicar o mal. E tambem o bem. segundo a boa e velha escolastica, o bem é impossivel de ser explicado, pois o bem é infinito e a nossa razão é finita. também não há como explicar o mal, o mal é irracional, o mal não é ser, somente o que pretende explicar o mal e o bem, é a gnose. bem Alem de explicar o mal e o bem pretende que nós sejamos fator criador desse bem. o segredo explica que você estabelece uma sequencia e emite sinais para o universo, se for sinais ruins, você atraira tudo de ruim para a sua vida, se for sinais bons, você atriara tudo de bom. simples, é so então mudar a frequencia prévia e você passa a construir uma nova realidade. sim. contruir uma realidade.Mas isso é o velho Kant! ou seja nós fazemos a realidade, e não Deus. pura e simplesmente o velho idealismo, racionalista, pseudo cientifico, tentando fazer que venhamos a crer que o universo é um brinquedo em nossas mãos. ainda mais isso é Descartes. " penso logo existo" o homem é que faz a usa realidade, emfim o homem é Deus. Porque somente Deus produz a realidade. nada mais novo, isso ja conhecemos. o velho pecado de Adão. pois é. Agora todos as caras conhecidas e bem sucedidas que já falaram em universo vai ser citada como exemplo, nesse bolo está o Churchil( será que ele rezava assim: oh leis do universo me ajudem a vencer Hitler?) , com um monte de teoria que mistura fisica quantica, leis disso, leis daquilo, tudo para dar a entender que nós que fazemos a nossa realidade, logo somos deuses. Mas além desse bolo filósofico embolorado de mofo kantiano, como se não bastasse, eles colocam a Blavatsky! o Papus! o NEwton e o Mozart na roda como exemplo de pessoas bem sucedidas que entenderam o mecanismo do universo e foram felizes para sempre! mentira! qualquer biografia de Mozart conta como o pobre vivia endividado, e morreu doente, não digo na desgraça, mas nada de glamour. o Mozart trabalhou muito, e teve muitas crises pessoais, e foi enterrado não se sabe onde.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, Sforza.

Gostei muito dessa postagem.

O que você muito bem descreveu é uma amostra do quão fútil, superficial, rala, ilógica e até falsa é essa "espiritualidade" moderna de new age, destituída de profundidade e de consistência comparáveis às religiões tradicionais.

Infelizmente é justamente isso o que o indivíduo da atualidade quer: uma doutrina ou um conjunto delas, que possibilite-lhe a auto-exaltação ao mesmo tempo que o desobrigue de qualquer compromisso e renúncia perante uma divindade. Sendo ele próprio um deus (...) ele redefiniria a noção de pecado, na prática, mesmo, eliminando-a.

Infelizmente, ainda, é que tais porcarias estão no pacote da onda anticristã hodierna, com os seus códigos da vici, evangelhos de judas, tumbas "de Jesus", madalenas ultrajadas e a mais recente e imbecil investida ateísta, via Dawkins, Dennett, Harris e outros fanáticos desprovidos do mínimo conteúdo intelectual e isenção para discutir a realidade da crença.

Sobre Mozart: pelo que se pode notar, muita gente boa que se mete a falar do compositor, tem como única fonte o filme Amadeus. É o que parece, ao menos. Esse filme incutiu na cabecinha de muitos a imagem distorcidíssima de um Mozart irreverente, gargalhante que vivia a atacar as mocinhas nos palácios em que apresentava suas músicas. Um doidivanas alegre que mal encarava a rivalidade ostensiva de Salieri.

Nada mais falso! Mozart foi um dos compositores mais melancólicos da música erudita. Por pouco não se deu bem no amor, para o qual pouco tempo teve antes do casamento com Constanze (a não ser a paixão frustrada pela irmã dessa, Aloysia). Queixou-se até o fim de uma infância perdida, sem amigos, sem brincadeiras, forçado a um perpétuo deslocamento de uma cidade para outra, com o pai e a irmã. Uma vida puramente profissional, digamos assim.

Quanto à irreverência mozartiana, ela existiu sim, mas circunscrita às suas correspondências com a irmã. No mais, se deu mal e muito mal nos pouquíssimos casos em que ousou rebelar-se contra a ordem vigente.

Enfim, fazendo coro com você, o resumo da vida de Mozart foi muito trabalho, muitas crises pessoais, muitas dívidas, um verdadeiro fracassado nas suas finanças e o sepultamento na vala comum dos anônimos sela perfeitamente como um emblema essa vida nada feliz.

E por mais que sua música seja hoje reconhecida como a obra de um gênio, na sua época, nada fazia crer numa ameaça para um compositor oficial da corte, caso de Salieiri, que não tinha o menor motivo para se preocupar com o jovem autor do Don Giovanni, ópera que igual a outras peças tinham um relativo sucesso fora de Viena (Praga, especialmente).

Bem, acho que me empolguei.

Com a sua licença.